sábado, 5 de julho de 2014

FILOSOFIA/SOCIOLOGIA (1)

   Pensei em publicar no espaço destinado à filosofia/sociologia não uma lista de pessoas importantes e seus respectivos feitos, mas pensadores relacionados à temas atuais e essenciais para o desenvolvimento de profundas reflexões sobre o passado, presente e futuro. 



VOLTO JÁ COM A REPORTAGEM GRIFADA E COMENTADA! 
Farei diferente, pode ser? A reportagem tem 16 páginas  e todas com assuntos interessantíssimos. Aí fica bem difícil né? Resolvi selecionar as ideias que podem aparecer em redações, como:
-O MUNDO DO LUXO
-A VOLATILIDADE DAS RELAÇÕES AFETIVAS

   Primeiramente, vamos compreender quem são Lipovetsky e Zygmunt Bauman(OBS: muuuuito citados em redações da fuvest pelos alunos, uma vez que suas reflexões abrangem temas contemporâneos).

GILLES LIPOVETSKY: filósofo francês que criou o termo "hipermodernidade" para delimitar o momento atual da sociedade humana. Discorre brilhantemente sobre a cultura do consumo e do luxo. Para ele, o consumo é uma das facetas da nossa autonomia, o sonho precário que restou aos indivíduos após as crises da modernidade. A onipresença do consumo nas sociedades atuais não possui, para ele, um caráter negativo- ainda que seja preciso observá-la criticamente. Alguns trechos de "O luxo eterno" que podem ser citados nas redações:

* "De Platão a Políbio, de Epicuro a Epicteto, de Santo Agostinho a Rousseau, de Lutero a Calvino, de Mandeville a Voltaire, de Veblen a Mauss, durante 25 séculos o supérfluo, a aparência, a dissipação das riquezas jamais deixaram de suscitar o pensamento de nossos mestres. "
* "A época recente foi testemunha de uma forte expansão do mercado do luxo, sendo este estimado em 2000, no plano mundial, em aproximadamente 90 bilhões de euros (estudo Eurostaf)."
* " Apesar de certas dificuldades conjunturais, muitos estudos prospectivos prometem um belo futuro ao luxo; a emergência de novas classes abastadas, a globalização e a abertura da lista dos países relacionados com o consumo de luxo constituem tendências geradoras de um forte potencial de desenvolvimento do setor: o Japão é agora o primeiro mercado do mundo para as marcas de luxo, o país realiza isoladamente um terço do montante de negócios do setor. "
* "Antigamente reservados aos círculos da burguesia rica, os produtos de luxo progressivamente "desceram" à rua. No momento em que os grandes grupos apelam a managers oriundos da grande distribuição e treinados no espírito do marketing, o imperativo é de abrir o luxo ao maior número, de tornar "o inacessível acessível". Em nossos dias, o setor constrói-se sistematicamente como um mercado hierarquizado, diferenciado, diversificado, em que o luxo de exceção coexiste com um luxo intermediário e acessível. Esfera daí em diante plural, o luxo "estilhaçou-se", não há mais um luxo, mas luxos, em vários graus, para públicos diversos."

Estes dois últimos trechos poderiam ser colocados em uma coletânea sobre o seguinte TEMA
* "De um lado, reproduz-se, em conformidade com o passado, um mercado extremamente elitista; do outro, o luxo enveredou pelo caminho inédito da democratização de massa. "
*" Duas tendências coabitam: uma banaliza o acesso ao luxo e o desmitifica, a outra reproduz-lhe o poder de sonho e de atração pelas políticas de preço e de imagem. " Qual dessas tendências você defende?  Em minha opinião...

LUXO=CONSUMO do que é EXCESSIVAMENTE DISPENDIOSO, SUPÉRFLUO. Quem vive a procura de luxo e riqueza vive na insistência em adquirir coisas de alto valor, como se elas agregassem à vida do consumidor certa imagem de superioridade, poder, influência. Entretanto, o que está por trás dos bastidores é um imenso vazio existencial, que luxo nenhum irá preencher. Então conclui-se que esse mesmo consumidor de produtos luxuosos é o mesmo dependente de anti-depressivos e sessões terapêuticas. Talvez se o dinheiro gasto para sustentar o luxo de madames mundo afora fosse direcionado à outros projetos, teríamos menos fome por aí e o vazio começaria a ser preenchido. Mas ao mesmo tempo é praticamente impossível que isto ocorra, tamanha a influência do mundo consumista que nos rodeia e do incessante incentivo que a mídia veicula sobre a vida luxuosa. Além disso ainda existe uma inversão gigantesca de valores morais- em síntese: hoje o "ter" é muito mais importante que o "ser". E como o próprio Lipovetsky já disse: " Priorize o ser, e não o ter"

mas se você pensa diferente... eis um argumento de Lipovetsky que te ajudará:

"O último dos mendigos tem sempre um nadinha de supérfluo! Limitai a natureza às necessidades naturais e o homem torna-se um animal", já escrevia Shakespeare. Mas se, através do luxo, exprime-se realmente a humanidade do homem, é de todo o homem que se trata, o homem no que ele tem de grande e de pequeno, de nobre e de derrisório. O luxo é o sonho, o que embeleza o cenário da vida, a perfeição tornada coisa pelo gênio humano. Sem luxo "público", as cidades carecem de arte, destilam feiúra e monotonia: não é ele que nos faz ver as mais magníficas realizações humanas, as que, resistindo ao tempo, não cessam de nos maravilhar? Quanto ao luxo privado, não é promessa de volúpia, refinamento dos prazeres e das formas, convite às mais belas viagens? Luxo, memória e volúpia(deleite): é preciso ser uma alma bem sombria para fazer cruzada contra o que é amor à beleza e sua expressão, leveza, momento de felicidade. 
Mas é verdade também que a relação com o luxo nem sempre apresenta o homem sob seu aspecto mais elevado e mais generoso. Se as obras do luxo são admiráveis, pode-se mostrar mais reserva sobre o que motiva a loucura de certas despesas. E o amor dirigido às coisas mais belas nem sempre significa uma atenção tão bela para com os homens e o avesso menos magnífico do real. Tomar a defesa do luxo? Não há mais necessidade disso, na falta de verdadeiros adversários. E são os publicitários que se encarregam dela melhor do que ninguém. Estigmatizar(criticar, condenar) o luxo? Mas por que se opor ao espírito de gozo? Ele não provoca nem a decadência das cidades, nem a corrupção dos costumes, nem a infelicidade dos homens. Tanto a apologia quanto o anátema pertencem a uma outra era: resta-nos compreender. Prazeres dos deuses, almas simplesmente humanas: esfera maravilhosa, mas que nem sempre escapa à insolência, espelho onde se decifram o sublime e a comédia das vaidades, o amor pela vida e as rivalidades mundanas, a grandeza e a miséria do homem, é inútil querer moralizar o luxo, assim como é chocante beatificá-lo. É preciso colher o trigo com o joio, e Deus reconhecerá os seus.



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