Oláa!!!! Separei alguns exercícios da primeira fase da FUVEST 2013 . É essencial lembrarmos que compreender bem a língua portuguesa nos proporciona uma interpretação mais lúcida e crítica acerca do mundo que nos rodeia. Para isso, devemos estudar gramática,semântica, figuras de linguagem, intertextualidade e muito mais... Começemos:
FUVEST 2013
Vivendo e...
Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a precisão que tinha quando era garoto. (...)
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a fórmula de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e muita confusão na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças.
Hoje não sei mais. Agente começava a contar depois de ver um relâmpago e o número a que chegasse quando ouvia a trovoada, multiplicado por outro número, dava a distância exata do relâmpago. Não me lembro mais dos números.
Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática, conseguia-se controlar a trajetória elíptica da cusparada com uma mínima margem de erro. Era puro instinto. Hoje o mesmo feito requereria complicados cálculos de balística, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha camisa. Outra habilidade perdida.
Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É vivendo e ........... . Não falo daquelas coisas que deixamos de fazer porque não temos mais as condições físicas e a coragem de antigamente, como subir em bonde andando – mesmo porque não há mais bondes andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes que nos abandonaram. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para acertar em algum alvo conteporâneo, bem no olho, depois sair correndo? Eu já.
(Luís Fernando Verissimo. Comédias para se ler na escola.)
1-Um dos contrastes entre passado e presente que caraterizam o desenvolvimento do texto manifesta-se na oposição entre as seguintes expressões:
a) Não há nenhum contraste entre essas duas palavras.
b) Aqui muito menos...
c) Também não existe contraste entre passado e presente.
d) Veja: PURO INSTINTO---> remete-nos ao passado, tempo no qual tudo era mais espontâneo, natural. Tempo de aprendizado... COMPLICADOS CÁLCULOS---> refere-se ao presente, tempo de uma complexidade que torna-nos incapazes de viver descobrindo e aprendendo sobre as coisas simples da vida, como antigamente.
e) Ambas expressões referem-se ao passado.
2-Considere as seguintes substituições propostas para diferentes trechos do texto:
- “o número a que chegasse” (L. 16) = o número a que alcançasse.
- “Lembro o orgulho” (L. 20) = Recordo-me do orgulho.
- “coisas que deixamos de fazer” (L. 31-32) = coisas que nos descartamos.
- “não há mais bondes” (L. 34-35) = não existe mais bondes.
A correção gramatical está preservada apenas no que foi proposto em:
a) I
b) II
c) III
d) II e IV
e) I, III e IV
Análise... I) Agente começava a contar depois de ver um relâmpago e o número a que chegasse quando ouvia a trovoada, multiplicado por outro número... PODERIA HAVER SUBSTITUIÇÃO POR.. o número que alcançasse... (sem a preposição "a" ) Mas por quê?
*Chegar é um VTI, rege a preposição A (ex: Cheguei a Brasília-correto; Cheguei em Brasília-errado).
*Alcançar é um VTD. Aqui está uma linda frase como exemplo: "Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos" Friedrich Nietzsche
Assim o primeiro item está INCORRETO
II) Proposição CORRETA. Recordar é sinônimo de lembrar e rege preposição. É um VTI.
III) O correto seria: "coisas DE que nos descartamos" ou " coisas que descartamos"
IV) O verbo EXISTIR é pessoal (com sujeito) e deve CONCORDAR COM O SEU SUJEITO!
Portanto, o correto seria... "Não existem mais bondes"
Antes de prosseguir, seria ótimo que nos aprofundássemos sobre:
O VERBO "HAVER" E SUAS DIFERENTES CONSTRUÇÕES-assunto bastante cobrado!
Verbo ''haver'' e suas diferentes construções
Por Thaís Nicoleti -fonte:UOL
“Haverão mudanças, mas creio que serão pequenas.”
O verbo “haver”, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso quer dizer que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito.
A confusão é frequente não só na hora de escrever mas também na hora de falar. Muita gente faz a flexão do verbo, como se seu objeto direto fosse seu sujeito. É possível que a origem do erro esteja na analogia com os verbos “existir” e “ocorrer”. Estes têm sujeito – e, portanto, as flexões de número e pessoa – e costumam antepor-se a ele. Assim:
Ocorrerão mudanças.
Existirão mudanças.
Com o verbo “haver”, a história é outra:
Haverá mudanças.
É importante observar que os verbos auxiliares assumem o comportamento dos verbos principais. Assim, temos o seguinte:
Deverão ocorrer mudanças.
Deverão existir mudanças.
Deverá haver mudanças.
Não se pode, no entanto, dizer que o verbo “haver” nunca vai para o plural, pois isso não é verdade. Ele pode, por exemplo, ser um verbo auxiliar (sinônimo de “ter” nos tempos compostos), situação em que pode ir para o plural. Assim:
Eles haviam chegado cedo.
Eles tinham chegado cedo.
Como verbo pessoal (com sujeito), pode assumir o sentido de “obter”:
Houveram do juiz a comutação da pena.
Como sinônimo de “considerar”, também tem sujeito:
Nós o havemos por honesto.
O mesmo comportamento se observa quando empregado na acepção de “comportar-se”:
Eles se houveram com elegância diante das críticas.
O plural também pode aparecer quando usado com o sentido de "lidar”. Assim:
Os alunos houveram-se muito bem nos exames.
Fique claro, portanto, que é no sentido de “existir” e de “ocorrer”, bem como na indicação de tempo decorrido (Há dois anos...), que o verbo “haver” permanece invariável. Assim:
Haverá mudanças, mas creio que serão pequenas.
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